segunda-feira, 21 de junho de 2010

Horda Insatisfeita


Queridos Maltrapetas,

Vou aproveitar que acordei mais ou menos de bom-humor e dar alguma satisfação à minha horda de fãs.

Sim, bem sei que vocês esperam por qualquer letra deste Maltrapa, já há tempos. Não é, como pode parecer a alguns de vocês, um desleixo explícito o que tem me feito andar à margem das palavras, mas, ao contrário, um empenho e um comprometimento nunca dantes visto.

Por viciado que sou, escolhi a Seleção Brasileira como temática de minha pesquisa de conclusão de curso. Como sou muito crítico em relação ao time do Dungueta, apostei no espírito libertário e sofrido do polvo brasileiro para tirar minhas conclusões; mais especificamente, aquele que reside no Varjão, comunidade carente localizada a pouco mais de dois quilômetros de minha morada.

Assim sendo, tenho dedicado todo o tempo que consigo ao trabalho de campo, o que, logicamente, faz com que novos relatos maltrapilhos se tornem, por ora, inconstantes. Prefiro que seja assim, a ter o desprazer de ler críticas gratuitas sobre uma produção rarefeita.

De toda forma, meus impulsos literários hão de fazer desta entressafra um período de enriquecimento e aperfeiçoamento do meu ser, dando a entender que o ‘meu melhor’ está por vir, tão desconcertante quanto o vôo Jabulani e tão avassalador quanto o estampido de uma vuvuzela: Póóóóóóóónnn!


Aos de bom-gosto, o meu apreço.


O Maltrapa

terça-feira, 1 de junho de 2010

Telhas de Barro Melhoram com o Passar do Tempo

Minha casa não tem forro no teto. Tem só o teto, clássico, formado por telhas de barro. Dá uma satisfação enorme ficar olhando para elas, perdendo o pensamento em sua tonalidade terra-tempo... No tempo de antigamente.

Dependendo da posição do sol, dá para ver também aqueles lindos feixes de luz que 'furam o teto' e atravessam o ambiente, indo iluminar um ponto do chão, estabelecendo fluxos de energias visíveis por meio daquelas particulazinhas de luz que emprestam ao casual um tom sobrenatural.

Pelas frestas, de tão amplas, passam também outras coisas; desejos naturais.

Varrendo o chão de casa, na tarde de hoje, encontrei micro-florzinhas espalhadas por toda a sala; como não me apaixonar?...


Esse texto foi escrito no dia 20 de maio, em homenagem ao blog, que completou um ano de vida nessa mesma data.

Sinceramente, não saberia dizer se melhorei ou piorei como escriba. Da mesma forma, posso constatar que o ato se tornou, em algumas oportunidades, menos espontâneo do que quando do tempo em que não tinha nenhum leitor pendurado no meu ombro. Paradoxalmente, este mesmo leitor se tornou meu maior estímulo.

Há um ano, meu grande desafio era transitar longe da minha órbita umbilical, ou seja, ser capaz de CRIAR personagens e situações que não fizessem referência à minha própria existência. O último texto ('Piano Bar') demonstra que esse desafio foi suplantado.

O Antropólico Maltrapilho surgiu pelo estímulo que recebi de Marcya, minha namorada, quem se interessou por criar o layout. além de editar toda a produção literária (quando eu deixo, obviamente). Foi ela quem fez despertar em mim a necessidade de compartilhar meu mundo para com toda gente.

O termo 'antropólico' surgiu como um apelido que me foi dado no tempo em que trabalhei na FUNAI. De tanto escrever matérias favoráveis aos índios (portanto, contrárias aos interesses do Governo), o editor-chefe acabou encontrando esse termo para definir minha atuação profissional: - “Você é um antropólico, Sassi”, dizia ele, rabiscando as laudas com tanto gosto que, ao fim, elas mais pareciam desenhos de uma criança. As matérias eram quase sempre censuradas...

Quanto ao 'maltrapilho', este nasceu há muito mais tempo, quando eu tinha ainda uns nove anos de idade e estava na maior expectativa do mundo para assistir ‘Superman’, pela TV. Só que acabei pegando no sono... Acordei mais tarde, já com o letreiro subindo, e danei a chorar. Em seguida, começou a tal ‘sessão coruja’.

Meu pai foi até a cozinha e preparou um suculento prato de miojo: - “Vamos assistir a este filme, Zão, que vai ser melhor que o do super-homem!”, disse ele, aconchegando-se em meio ao edredom e travesseiros. Nunca mais esqueci. Foi o primeiro filme ‘de gente grande’ que eu acompanhei até o fim! O título? ‘O Maltrapilho’.

Por identificar-me sobremaneira, tanto com o antropólico, quanto com o maltrapilho, emprestei-lhes as alcunhas para me apresentar como tais, conjuntamente.

Quero, portanto, agradecer muito – muito mesmo - àqueles que se tornaram parceiros deste Maltrapa; principalmente aos que se pronunciaram crítica e construtivamente a respeito das antropólicas experiências aqui relatadas. Em breve, os convidarei para uma sessão coruja mais atual, ainda com direito a miojo, telhas de barro e tudo o mais que nos sirva de união e lembrança.